quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Agradecimentos à Mark Zuckerberg

Pra quem pensava que o falecido Orkut tinha chegado ao limite: não há nada que esteja tão ruim que não possa piorar. E digo mais: o termo “orkutização” nem se aplica mais ao que acontece hoje com o Facebook, por que eu acho que as pessoas já perceberam que não era tão ruim assim clicar no peixinho e ver a magia da natureza em ação. Não, péra...

Quando Mark comemorou o milionésimo usuário, acho que ele não se deu conta do que estava prestes à acontecer. Ele não contava com a criatividade do povo brasileiro p/ cagalhofar a porra toda, certeza. Até por que inicialmente as pessoas no Brasil achavam “difícil de usar”, e “muito sem graça”. Eu fui uma que pensou assim, mas depois percebi que era só diferente pra cacete do Orkut e achei que ele tirou tudo que era escroto, na verdade. Ou seja, seria ótimo que a galera que curte umas fotos de cofrinho na laje e que “Sǿ adD c/$©RȦp” ficasse no Orkut e o povo que só quer manter contato com amigos distantes ficasse no FB. Mas se fosse fácil se chamaria Paris Hilton, e não vida.

Daí que descobriram esse negócio de fan page...tsc. Nada contra, acho um ótimo substituto das “comunidades”, uma boa ferramenta de marketing p/empresas, e etc. Mas CARALHO aí surgem as páginas estilo “Estado civil: feliz” pras mina que pira mandarem indiretas pros mano que “magoaram seus corações”ou o super ~~hit~~ “Gina Indelicada” e mostram que a cisterna de chorume do face é muito, mas muito maior. Aliás, do ~~fêice~~ pros íntimos. É o poder do chorume que faz o seromano começar o dia dando “bom dia fêices!” e tendo 427 “curtir”. E é ele também que faz todo mundo dar check in em Ipanema posto 9 quando na verdade tá subindo o Cantagalo. Não que eu ache que isso é um demérito, foi justamente o oposto que eu coloquei. Quer facilitar a vida de stalkers e sequestradores e dizer exatamente onde você tá? Beleza, mas daí fala  a verdade pelo menos né.

Acho super chique também os movimentos em favor dos animais, contra desigualdade social entre celebridades e anônimos, ou aqueles que tentam te coagir a curtir foto de portadores de necessidades especiais, como se tudo isso fosse surtir algum efeito na vida real. Por que o cara é INCAPAZ  de levantar a porra do cu daquela cadeira de computador pra ir visitar a AACD, mas se acha no direito de pedir que você não finja que não viu a foto da pequena com Síndrome de Down. Compra revista “Quem” e não perde “A Fazenda” mas acha plausível mandar um “compartilhe se você acha um absurdo a Xuxa ganhar 2 milhões só pra pintar o cabelo”. Não que eu veja fofocas de famosos de vez em quando, e também não que eu seja um exemplo de pessoa que ajuda várias instituições, mas também não fico enchendo o mural dos outros com manifestações vazias.

Tem muita coisa legal que é compartilhada, muitos debates interessantes são propostos, acho que a velocidade com que as informações são compartilhadas e replicadas permite que a internet manifeste “seu poder”, o problema é que pra chegar ao conteúdo legal é preciso navegar num mar de chorume e se sentir na casa da mãe Lucinda de tanto lixo.
Então eu hoje agradeço imensamente ao menino Mark por permitir que eu saiba quando as pessoas acordam, dormem, comem, descomem, voam,  fazem sexo (se bem que eu acho que quem faz sexo não publica muito no FB,rs), se magoam, e mandam indiretas. Eu realmente preciso saber disso de todos os meus 400 amigos, e não só dos mais íntimos, quando eu quiser saber. Também agradeço por todos os dias ganhar bom dia de gatinhos saltitantes fazendo atividades humanas e que me fazem ter pesadelo todas as noites. É por isso que eu digo: o problema da rede é que ela é social...

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